quarta-feira, 21 de julho de 2010

Legado é sinônimo de incompetência política.


Ouvi atentamente os debates acerca dos jogos da Copa do Mundo de futebol de 2014 no Brasil e me vi intrigado com o teor da palavra da moda para esse evento "legado" e a memória me trouxe a lembrança de que no Pan do Rio de Janeiro a palavra era a mesma, mas afinal o que é legado e que para que ele serve?
Ao averiguar no dicionário descobri: Legado - s.m. Disposição feita por testamento em benefício de alguém; Representante do papa; núncio pontifício; Enviado, em regra temporário, de um governo junto a outro governo; espécie de embaixador extra ordinário para determinada missão. Nos prendendo as definições que nos interessam disposição feita em benefício de alguém (via testamento), de um governo a outro governo, bem essa palavra não se empregava ao evento realizado na cidade do Rio de Janeiro, tão pouco ao evento que realizar-se-á em 2014, e explico: os organizadores não estão morrendo ( o que em alguns casos é uma pena!), o governo diz que vai deixar um legado para o povo (me desculpe, mas a CBF assim como o COB não são instituições que representam o povo brasileiro!), se o governo fala que vai deixar para a população por que as instalações do Pan estão abandonadas e o povo não pode fazer uso?
Os motivos citados acima já justificariam o título do meu texto, contudo se lembrarmos que esse é um blog de teor escolar que procura trazer para o campo da geografia os assuntos mais discutidos na imprensa onde entra a Copa então?
É fácil, tudo isso faz parte de políticas de planejamento urbano, minhas inquietações me fizeram pesquisar um pouco sobre a Copa de 2006 na Alemanha e sobre a candidatura de Madrid (Espanha) para a Olimpíada de 2016, constatei que a malha ferroviária alemã tem mais de 40.000 km e com trens confortáveis que carregam cerca de quatro milhões de passageiros enquanto a malha ferroviária do Brasil possui pouco mais de 29.000 km de linhas desconexas que transportam, quando isso é possível um número ínfimo de passageiros (não vale a pena falar na questão de conforto); bem a campanha da Espanha 2016 - em seu programa já garantia ter prontas para os jogos olímpicos cerca de 73% da estrutura para os jogos principalmente rede de transportes (terrestre e aeroviário) então após a análise desse e de outros dados só pude concluir que os países de primeiro mundo não deixam legado...
Isso a princípio parece estranho, mas não é o que esse países, Alemanha e Espanha fizeram foi de uma simplicidade absurda, eles procuraram ter um país (Alemanha)e uma Cidade (Madrid) em condições de pleitear a honraria de receber os maiores eventos desportivos do mundo. Um governo competente não fala em construir um legado a posteriori de um evento e sim em dar a esse evento uma estrutura toda para que o mundo veja a cidade ou país como exemplo de organização. É ridículo um país como o Brasil hoje ter uma malha metroviaria ou ferroviária que é inferior a da Alemanha da década de 1960 (menos de 20 anos após o fim da II Guerra Mundial).
Falar em Legado é uma falácia sem tamanho e sem vergonha por tudo o que o Brasil deixou de fazer durante o Pan do Rio 2007, com certeza o mesmo será feito em 2014 ou aliás já está sendo feito não se planeja nem o local onde será realizado o jogo de abertura, nosso caderno de encargos é uma piada apenas São Paulo chega perto do número de acomodações solicitadas pela FIFA tem cidades que não tem nem a metade, um terço, mas prometem uma mágica de organização planejamento urbano e ambiental para produzir tantos prédios em tão pouco tempo se fossemos um país sério isso seria possível, mas infelizmente escrevo este texto do Brasil que todos sabemos como é. Tente ver quantas promessas absurdas constam do caderno de encargos e que o nosso governo diz que "we can" realizar.

Futebol é esporte e não legado até porque nosso futebol é bem diferente do que foi criado na Inglaterra, e política séria é planejar e executar para o bem da sua população independente do evento e o que vemos no pais é politicagem que cheira mal a corrupção e prejuizo da população geral.